Em algum lugar do passado>>>
Assim como no recente reboot de Star Trek, o truque da viagem no tempo novamente se prova uma ferramenta infalível para reconstruir universos. Com a dupla função de adaptar uma das histórias mais icônicas dos X-Men enquanto organiza a bagunça cronológica deixada entre tantos filmes, "Dias de Um Futuro Passado" dá sequência ao renascimento da franquia, abrindo as portas para a Fox seguir com novas aventuras dos mutantes mais amados do mundo. Para quem é fã do elenco original, "Dias de Um Futuro Esquecido" ainda oferece uma despedida digna para os personagens vividos por Patrick Stewart e Ian Mckellen. Quem não teve a mesma sorte foi a Vampira (Anna Paquin), cuja aparição foi praticamente apagada na ilha de edição.
No início da década passada, o diretor Bryan Singer e a Fox davam o pontapé na era de ouro das adaptações dos quadrinhos que tomaram o cinema de assalto, com o competente "X-Men: O Filme", uma leitura sci-fi para os conflitos mutantes criados por Stan Lee e Jack Kirby nos anos 1960. Depois de uma continuação brilhante sob o comando de Singer, a jornada dos heróis encontrou sua hora mais escura com a saída do diretor para realizar o fraco (e irrelevante) retorno do Super-Homem em 2006. Em teoria, a X adicionada a qualquer filme seria o suficiente para garantir à Fox o poder de multiplicar dólares; no entanto, o estúdio começou a manifestar o sinistro dom de produzir desastres épicos como "X-Men Origens: ". Quando tudo parecia perdido, eis que surge o surpreendente "X-Men: Primeira Classe". Com Bryan Singer de volta à Mansão do Professor X como produtor executivo, o diretor Matthew Vaughn restaurou a reputação dos personagens, realizando uma inesperada aventura de época, repleta de boas ideias.
A continuação dirigida por Vaughn começou a ser desenvolvida, mas, durante o processo, o diretor de "Kick-Ass” pediu as contas, abrindo espaço para Singer assumir a frente do filme. A dança das refletiu na continuação, inicialmente centrada nos protagonistas de "Primeira Classe", no entanto, com uma ajuda da viagem no , o elenco dos primeiros filmes foi resgatado da aposentadoria. "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", conecta as duas gerações que tiveram seu DNA misturado com os mutantes ao longo dos últimos 15 anos: os novatos Michael Fassbender, James McAvoy e Jennifer Lawrence unem forças com os veteranos Patrick Stewart, Ian McKellen e Hugh Jackman em uma narrativa inspirada na clássica história em quadrinhos "Dias de um Futuro Passado".
Criada pelo escritor Chris Claremont, juntamente com os artistas John Byrne e Terry Austin, e publicada originalmente em duas edições da revista "Uncanny X-Men" em 1981, a história saltava entre duas linhas temporais, mostrando os X-Men do futuro enviando a projeção mental de Kitty Pryde para os dias atuais, na tentativa de impedir um evento que deflagra a desavença entre homo sapiens e homo superior. No filme, é o Wolverine (Jackman) quem faz a jornada pelo espaço-tempo rumo ao seu alter ego em 1973. A explicação dos roteiristas é boa o suficiente para justificar a inevitável escolha do personagem mais popular do time.
Fechando um círculo, a abertura reproduz o mundo devastado de "O Exterminador do Futuro", filme de James Cameron que se apropriou dos paradoxos temporais do gibi. O roteiro de Simon Kinbergmostra o lado sombrio da guerra entre espécies, descrevendo em cenas brutais o massacre perpetrado pelo reino das máquinas. Escapando como podem, os últimos remanescentes dos X-Men tem as horas contadas antes da extinção. A primeira briga com os robôs assassinos coreografa o senso de coesão da equipe, aproveitando ao máximo a plasticidade dos heróis em ação.
Dosando piadas referenciais e tensão, Singer conduz a história com apuro visual. A invasão do Pentágono faz bonito na melhor cena de ação do ano. Uma hilariante fusão de "" e Charlie Chaplin em câmera lenta, que remete a invasão da Branca no insuperável "X-Men 2". Se divertindo com o cenário retrô, o cineasta entrecorta a fotografia com trechos granulados de câmeras 16 mm.
Peter Dinklage, mais conhecido como o Tyrion Lannister de " of Thrones", encarna Bolivar Trask, o cientista criador das armas de destruição em massa que vão causar a ruína da civilização no futuro. Assim como Hitler usou o antissemitismo para inspirar uma unidade nacional, esse vilão encontra na luta contra a ameaça mutante um argumento para encerrar as disputas entre países. O de produção se distancia das máquinas clássicas dos quadrinhos, recriando os Sentinelas em formas mais funcionais. Apesar das mudanças, os gigantes autômatos funcionam bem na tela, especialmente nos upgrades invencíveis que patrulham o mundo em 2023.
De volta à pele de Logan pela sétima vez, Jackman mantem o recorde para um ator que interpretou o mesmo super-herói mais vezes no cinema. Mesmo sendo o elo principal da narrativa, Wolverine perde o status de protagonista de plantão e divide a atenção da trama ao lado dos novos mutantes Charles Xavier (McAvoy), Magneto (Fassbender) e Mística (Lawrence). Celebrada com prêmios e bilheterias bilionárias, a personagem de Jennifer Lawrence se transforma de agente do caos em elemento valioso para os experimentos em laboratórios.
Se nos primeiros filmes, era o Professor X quem guiava o desorientado carcaju canadense, aqui os papéis de invertem e um Wolverine mais controlado é quem deve ajudar a tirar o telepata mais poderoso do mundo do fundo do poço. Seguindo a cartilha das melhores sagas dos X-Men, são as diferentes agendas de cada mutante que catalisam os embates entre eles. A relação de amor e ódio entre o amargurado Xavier e as ambições terroristas de Magneto e Mística permitem que o clímax se dobre em um tornado de adrenalina entre as linhas temporais de 1973 e 2013.
Os X-Men foram criados nos anos 60, no auge da contracultura e dos movimentos por direitos civis, como uma metáfora pela esperança por dias melhores. Não por acaso, os anos 70 foram marcados por uma ressaca dos acalentados na década anterior, com a guerra no Vietnam, ditaduras se fortalecendo e uma crise econômica pairando. O centro desse filme é a luta do Professor Xavier para recuperar a fé em seus ideais e continuar inspirando facções genéticas a conviverem em paz.
Os X-Men foram criados nos anos 60, no auge da contracultura e dos movimentos por direitos civis, como uma metáfora pela esperança por dias melhores. Não por acaso, os anos 70 foram marcados por uma ressaca dos acalentados na década anterior, com a guerra no Vietnam, ditaduras se fortalecendo e uma crise econômica pairando. O centro desse filme é a luta do Professor Xavier para recuperar a fé em seus ideais e continuar inspirando facções genéticas a conviverem em paz.
E como de costume, espere até o fim dos créditos, pois existe uma cena conectada à sequência “X-Men: Apocalypse”.
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